Quatro meses de pandemia e ainda muitos desafios para a medicina, principalmente no Brasil, que passa por um período de crescimento de casos de Coronavírus em diversos Estados e municípios. Mas, enquanto a vacina não chega, profissionais da Saúde buscam soluções para amenizar esse quadro no combate à doença. Em Rio das Ostras, médicos debatem sobre nova sugestão de protocolo para Covid-19, uma atualização de manejo clínico da doença.
Os encontros são realizados em vários dias da semana a fim de alcançar o maior número de profissionais possível, sendo ministrados pela médica infectologista da Rede Municipal de Saúde, Dra. Beatriz Rudnicki. Respeitando as medidas de distanciamento, contam com a presença de no máximo quatro médicos em cada reunião. Um destes encontros aconteceu na tarde desta sexta-feira, dia 19, no auditório da Secretaria de Turismo.
Assim como em outras reuniões, o objetivo é transmitir aos colegas médicos que atendem casos de Covid-19 no Município, detalhes sobre um protocolo aplicado em alguns hospitais de Madrid, na Espanha, que apresentou bons resultados. Trata-se de um protocolo já introduzido no Brasil pela também infectologista piauiense Dra. Marina Bucar, que trabalha no país europeu há 13 anos.
De acordo com a médica de Rio das Ostras, este protocolo indica o tratamento precoce, desde os primeiros sintomas da primeira fase da doença, que é da multiplicação viral, com uso de hidroxicloroquina somada a azitromicina e anticoagulantes profiláticos, evidentemente para pacientes que não apresentam contraindicações ao uso desses medicamentos.
“Caso a doença já tenha evoluído para a segunda fase, que é a inflamatória, há a introdução de corticoide venoso, em doses únicas diárias (pulsos) por período de 3 a 5 dias, evitando ou minimizando assim a progressão da doença”, explicou Dra. Beatriz Rudnicki.
Ainda segundo a infectologista, outro aspecto importante destes encontros com médicos da Rede Municipal é a sedimentação dos aspectos clínicos da doença, suas especificidades fisiopatológicas, para que o profissional possa reconhecer a probabilidade de Covid-19, já que a oferta do exame RT- PCR é mínima e seu resultado demora dias, que são extremamente preciosos para a instituição do tratamento precoce, antes das complicações da doença.
O prefeito Marcelino Borba e a secretária de Saúde de Rio das Ostras, Dra. Jane Blanco Teixeira aprovaram a ideia de implantação do novo protocolo e também estão acompanhando todo o processo junto à classe médica. Vale ressaltar que a decisão de aceitar essa sugestão de protocolo será do médico que atender o paciente com a sua respectiva autorização.
EXPECTATIVAS – Dra. Beatriz Rudnicki disse que a expectativa em Rio das Ostras é que após a introdução do protocolo, os resultados sejam os mesmos dos observados nos outros serviços que o utilizaram, para diminuição dos números de doentes graves; da taxa e tempo de internação no Pronto-Socorro e UTI; da taxa de letalidade e do período de transmissão da doença pelos pacientes.
“Existem evidências suficientes para introduzir esse protocolo em nosso Município. Precisamos trabalhar os aspectos clínicos da doença e o mais importante é a mudança de visão sobre esse contexto, tanto por profissionais como pela população. Se alguém adoeceu, é preciso procurar um médico para avaliar o quadro”, completou a médica.
ENTENDA O PROTOCOLO – O protocolo desenvolvido pela médica piauiense Marina Bucar foi testado em Madrid, na Espanha. Com eficácia já comprovada no país europeu, vem salvando vidas. Segundo a médica, o conhecimento acumulado pelos médicos que estão há cerca de dois meses atendendo pacientes com Covid-19 em outros países e relatos de colegas do Brasil levaram um grupo de médicos do Piauí a elaborar e propor a implantação deste protocolo no Estado.
O principal objetivo elencado no protocolo é o de estabelecer o tratamento de casos de Covid-19 com hidroxicloroquina e azitromicina o mais precocemente possível, ainda na fase infecciosa, pois, segundo os médicos, no momento que se inicia a fase inflamatória da doença, a condição do paciente se deteriora rapidamente e muitos irão necessitar de leitos em Unidade de Terapia Intensiva – UTI, os quais podem se tornar insuficientes, segundo as projeções do Ministério da Saúde.