PM’s são presos e Rio das Ostras durante operação do MP contra a máfia dos reboques

Três policiais civis e quatro militares foram presos na manhã desta quinta-feira (11), acusados de integrarem uma organização criminosa estabelecida em Casimiro de Abreu, na Baixada Litorânea. As prisões ocorreram durante a Operação “Top Up”, deflagrada pelo Ministério Público do Rio (MPRJ), após investigações que apontaram um esquema envolvendo a apreensão de veículos, onde criminosos definiam quais veículos deveriam ser levados para o depósito e quais deveriam ser liberados com o pagamento de propina.

As investigações também apuraram a ligação de guardas municipais de Casimiro de Abreu nas apreensões. Segundo o MP, PM´s e agentes da GM recebiam a quantia de R$ 25,00 por veículos apreendidos, demonstrando, assim, o real motivo para a realização de algumas operações de trânsito denominadas “blitz”. As prisões aconteceram em Casimiro de Abreu, Rio das Ostras e Cabo Frio.

O chefe da 3ª Companhia do 32º Batalhão de Polícia Militar (32º BPM), Vander Salgueiro Veiga, apontado como líder do esquema, foi preso na própria companhia, no bairro Bosque da Areia, em Rio das Ostras. Segundo MP, ele era o responsável por receber e negociar o valor das propinas.

Na casa do ex-secretário de Segurança Pública de Rio das Ostras, tenente-coronel da PM Carlos Eduardo, os agentes apreenderam R$ 120 mil em dinheiro e R$ 240 mil em cheques.  Carlos Eduardo é alvo de mandado de busca e apreensão, de prisão, mas ele ainda não foi encontrado.

Segundo o MPRJ, o esquema é liderado pelo policial militar Vander Salgueiro Veiga, junto com Washington de Oliveira Magalhães, vulgo Pimpolho, e Luiz Rogerio batista Machado, respectivamente responsável legal e gerente do depósito de veículos.

De acordo com o MPRJ, Vander utilizava-se da condição de PM e chefe da 3ª CIA de Rio das Ostras para solicitar, receber e dar vantagem indevida consistente na liberação ilegal de veículos apreendidos. Ainda segundo o MP estadual, Pimpolho também era responsável por autorizar e solicitar a troca de peças boas de veículos apreendidos por peças danificadas.

Em uma das escutas telefônicas contida na denúncia, o atual secretário de Segurança Pública de Rio das Ostras, Paulo Fernando Carvalho, o Carvalhão é citado em uma conversa entre o comandante da 3ª Companhia da PM de Rio das Ostras, Vander Salgueiro Veiga e o gerente do depósito de Casimiro de Abreu, Luiz Rogério Batista Machado.

No áudio da gravação realizada no dia 7 de julho de 2017, Veiga pede desculpa a Rogério por estar ligando de outro número, porque acabou a bateria de seu celular. Rogério chama Veiga de Comandante. Em seguida, Veiga fala que está incomodando outra vez, porque o perturbam muito e pede a Rogério para liberar um Siena preto a pedido do Carvalhão. Rogério afirma que tem e pergunta se está com “PRINCE”.

Veiga explica que não sabe com quem está, mas vai ver essa situação. Rogério informa que está com “PRINCE”. Veiga fala que é um Siena preto e foi “Carvalhão” quem pediu. Rogério comenta que vai pedir para recolher as guias e deixar na companhia. Veiga agradece. Rogério diz que estão as ordens do Comandante. Veiga avisa que se precisarem dele é só ligar.

Em Cabo Frio, na Região dos Lagos, um homem apontado como fornecedor de armas para os integrantes da organização criminosa foi preso em flagrante com diversas armas sem registros. Mais cedo, na mesma cidade, o policial civil Celso Alves foi preso em casa, no bairro Ogiva. Ele é acusado pelo MP de ser o responsável por comandar o esquema de troca de peças de veículos apreendidos na de delegacia de Casimiro de Abreu.

Na época, ele era lotado na unidade policial e retirava as peças dos carros danificadas, trocava com peças do carro dele, amigos e terceiros. Celso era chefe do grupo de investigação da 121ª Delegacia Policial de Casimiro de Abreu (121ª DP). O esquema que ele é denunciado de maio de 2017 a maio de 2018.

Em Casimiro de Abreu, Washington de Oliveira Magalhães, vulgo Pimpolho, dono do depósito WO Magalhães, também foi preso nesta quinta-feira (11), pelo crime de corrupção passiva.

A Operação é realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e Polícia Civil com o apoio da Polícia Militar através do 35º Batalhão da PM.

Foto: Paulo Henrique Cardoso/G1