Marcada data de júri popular de acusada de matar empresária a golpes de estilete em Macaé

O juiz da 1ª Vara Criminal de Macaé, Wycliffe de Melo Couto, determinou que, Islay Cristina Pereira de Sousa, 39 anos, acusada de matar a empresária Raquel Melo Mota, a golpes de estilete em 18 de novembro de 2017, em Macaé, vai a júri popular.

Ela foi denunciada pelo Ministério Público (MP) por homicídio qualificado porque, segundo o MP, o crime foi cometido por motivo fútil. O julgamento em júri popular está marcado para o dia 26 de setembro, às 10h, no Fórum de Macaé.

Na decisão, o magistrado destaca que “a Ré foi denunciada por perseguir a vítima até seu domicílio, em razão de discussão de trânsito, momento em que desceu do seu automóvel na posse de um estilete, para, em seguida, arranhar o carro da vítima, instante em que foram desferidos os golpes contra a vítima, que culminou em sua morte. Além disso, logo após os fatos, a denunciada se evadiu para outro estado da federação e só se rendeu dias depois, diante da repercussão do crime e de aconselhamento jurídico”.

Islay está presa deste o dia 22 de novembro do ano passado no Presídio Feminino Nilza da Silva Santos, em Campos dos Goytacazes. Neste período ela teve quatro pedidos de habeas corpus negados pela Justiça. A defesa de Islay alega que a ré corre risco de vida na cadeia.

“A paciente possui residência fixa, sendo primária, portadora de bons antecedentes e que realiza atividade lícita como empresária. Adiciona que a Paciente faz uso de medicamentos “tarja preta”; estando em tratamento psiquiátrico e passando por crise psíquica na unidade prisional onde se encontra, o que coloca em risco sua própria vida.” Defende que a ordem pública não sofre qualquer abalo com sua soltura”, retrata um trecho de um dos pedidos de soltura de Islay.

Relembre o caso

Islay Cristina Pereira de Souza assassinou a facadas a empresária Raquel Melo Mota, de 39 anos, no dia 18 de novembro de 2017, durante uma briga de trânsito, em Macaé. De acordo com o delegado titular da 123ª Delegacia Policial de Macaé (123ª DP), Filipi Poeys, a indiciada pelo crime utilizou um estilete para matar a vítima. “Exatos sete milímetros da ponta do objeto atingiram o coração de Raquel”, afirmou o delegado.

Antes da confirmação da polícia, a suspeita era de que a vítima tivesse sido morta a facadas. A arma do crime, medindo cerca de quatro centímetros, foi apresentada à imprensa na sede da Polícia Civil em Macaé. Segundo a polícia, a briga entre Raquel e Islay foi iniciada nas proximidades da delegacia, que fica no Centro e terminou, em frente ao condomínio da vítima, na Ilha da Caiera, após Islay cercar o carro de Raquel.

Nas imagens cedidas pela Polícia Civil, Islay para o carro atrás do de Raquel e sai em direção à vítima para confronta-la. Elas discutem e Islay vai até seu carro, pega sua bolsa, saca o canivete e arranha o carro de Raquel, que reage e leva três golpes de canivete, desferidos por Islay.

Durante a briga, a bolsa da acusada cai no chão e mesmo ferida, a vítima entra no carro e tenta fugir, mas para cerca de 30 metros depois e cai sobre o volante. Ainda de acordo com a polícia, um médico que mora no mesmo condomínio de Raquel, foi o primeiro a socorrê-la. Raquel foi levada para o Hospital Público de Macaé (HPM), onde foi operada, mas não resistiu e morreu na manhã do dia seguinte.

Após o crime, Islay entra no carro e foge. Segundo a polícia, dentro do veículo estava o filho dela, de apenas 13 anos, que presenciou a cena. A indiciada tem outros dois filhos. Em depoimento, Islay confessou o crime e contou à polícia que agiu em legítima defesa, mas o delegado responsável pelo inquérito não acatou a hipótese. “Nas imagens das câmeras de monitoramento, a gente vê claramente que ela já saiu do carro com o estilete. Ela abre a bolsa, pega o objeto e vai para cima da vítima”, ressaltou Poeys.

Apresentação negociada

A apresentação de Islay Cristina à polícia foi negada durante quatro dias. De acordo com o delegado, a condição do advogado da indiciada para que ela se entregasse era de que ela fosse presa. “Ela estava com medo da reação dos familiares da vítima e da população. Diante da condição, entramos em contato com o Ministério Público para que as providências legais fossem tomadas”, destacou Dr. Filipi Poeys.

Islay foi presa na madrugada do dia 22 de novembro de 2017, horas após o pedido do mandado de prisão temporária ser acatado e expedido.

Islay foi presa na madrugada do dia 22 de novembro de 2017, horas após o pedido do mandado de prisão temporária ser acatado e expedido pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Macaé, Wiclyffe de Melo Couto. A assassina confessa de Raquel Mota está desde então na carceragem do Presídio Feminino Nilza da Silva Santos, em Campos dos Goytacazes, onde deve permanecer durante o prazo da sua prisão.

Natureza violenta

O delegado responsável pelo inquérito sobre a morte de Raquel citou outros processos contra Islay que demonstram, segundo ele, a natureza violenta da indiciada. Em Macaé, ela possui quatro anotações criminais por lesão corporal, ameaça e exercício arbitrário das próprias razões (justiça com as próprias mãos) e direção perigosa.O delegado narrou que em dois destes processos ela discutiu e agrediu um motorista da SIT, empresa responsável pelo transporte público no município, além de ter ameaçado e tomado o carro de um pedreiro que não concluiu uma obra em sua residência. Natural do Ceará, Islay também responde por lesão corporal em sua terra natal. Em um processo, que corre na 15ª Vara Criminal da Comarca de Fortaleza, ela é indiciada por espancar Edna Maria Lopes dos Santos. O crime ocorreu no ano de 2002 e a sentença até hoje não foi proferida.

A vítima

Segundo o marido da vítima, Raquel Mota era uma pessoa calma e pacífica. O casal participava de atividades filantrópicas de proteção animal e fazia parte do grupo “Amigo Palhaço”, que visita asilos, hospitais e orfanatos. Raquel deixou uma filha de 13 anos.