Serguei morre aos 85 anos, vítima de complicações por Alzheimer

Morreu nesta sexta-feira (6), aos 85 anos, o roqueiro Serguei. Com a saúde debilitada sobretudo a partir de 2013, o cantor começou a passar por dificuldades financeiras. Recebia uma ajuda mensal da Prefeitura de Saquarema. Portador do Alzheimer,  foi internado no dia 6 de maio, com desidratação, desnutrição e infecção urinária.

Seu grande feito, foi ter criado em torno de si um personagem que era tudo isso — e no qual ele, mais do que ninguém, acreditava. Um personagem que teve um caso — ou como quiserem chamar um relacionamento na era amor-livre-flower-power — com Janis Joplin, frequentou festas com Jim Morrisson e Jimi Hendrix, assumiu um posto de guru pansexual que transava com árvores, mereceu um museu dedicado à sua pessoa, foi o grande bastião do rock nacional em meio à caretice da MPB. Com um inegável carisma (e pouquíssimos discos), criou uma mitologia em torno de si que o levou a realizações reais — como o épico show no Rock in Rio de 1991.

Sérgio Augusto Bustamante ganhou o apelido de Serguei ainda na infância, de um amigo russo que não conseguia pronunciar seu nome. O apelido pegou tanto que virou seu nome artístico — inicialmente com a grafia sem “u”, como mostra seu primeiro compacto, que trazia “As alucinações de Sergei” de um lado e “Eu não volto mais” do outro.

Morador de Saquarema desde 1982, Serguei se tornou uma personalidade local, e sua casa uma espécie de museu, batizada de Templo do Rock. Um de seus espaços favoritos ali era o que chamava de quarto psicodélico. O cômodo, iluminado com luz negra, tem quadros de tinta fosforescente de Bob Marley e Jim Morrison, além de almofadas e panos pelo chão.

Foto: Cezar Loureiro / Agência O Globo