Em Macaé, Setembro Amarelo começa com ação de prevenção ao suicídio promovida por alunos de Psicologia

Assunto complexo, o suicídio, que espelha fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais e também culturais, tem sido desvendado, nos últimos cinco anos, pela campanha Setembro Amarelo.

Celebrado nesta segunda (10), o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio dá abertura a uma ação realizada por acadêmicos do curso de Psicologia da Universidade Estácio de Sá, em Macaé. As atividades fazem parte do mês de prevenção ao suicídio, mas se estenderão por tempo indeterminado.

O programa “Me ajude a viver – Prevenção e Pósvenção do Suicídio” prevê a instalação de uma caixa em MDF nos banheiros das universidades Estácio de Sá e na Cidade Universitária, acompanhada com um quadro, composto por uma folha de ofício com a discriminação do que o projeto representa e sua intencionalidade. Essas caixas serão recolhidas somente pelas coordenadoras responsáveis pelo projeto.

Segundo os organizadores, semanalmente, as cartas deixadas dentro das caixas serão recolhidas e lidas, juntamente com a equipe voluntaria para que seja feita uma triagem. Após, uma equipe ligará para os “remetentes/pacientes’’ encaminhando-os para os profissionais voluntários responsáveis. Na caixa ficará escrito o nome do projeto social.

A ideia é estimular as pessoas a procurarem ajuda, além de saber identificar situações de risco, em que conhecidos possam estar acometidos, com o objetivo de disponibilizar um acompanhamento profissional. Ainda segundo os organizadores, o projeto surgiu após uma conversa entre acadêmicas de Psicologia ao perceber a carência ao acolhimento de pessoas que entendem que o fim da sua dor é resolvido apenas com a retirada de suas próprias vidas.

“O suicídio não é tão somente uma tragédia no âmbito pessoal, ele também representa um sério problema de saúde pública, pois está presente em todos os níveis socioeconômicos, pode ocorrer em qualquer faixa etária e sua proporção envolve todos os setores globais. Queremos através deste projeto social acolher pessoas que tem uma má percepção da vida, onde a mesma não consegue enxergar outra alternativa sem ser a morte, dando está fim a sua dor”, disse uma das alunas envolvidas no projeto.

Alerta

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o suicídio é considerado um problema de saúde pública. O ato é apontado como a segunda principal causa de morte mundial entre jovens com idades entre 15 e 29 anos. De acordo com o último levantamento do Ministério da Saúde, a taxa mundial de suicídios, em 2015 , foi de 10,7 casos por 100 mil habitantes no mundo. No Brasil, essa taxa foi de 6,3 por 100 mil habitantes.

Suporte

Na sociedade contemporânea, além da violência, do estresse, da instabilidade econômica e social, vive um momento de competitividade cada vez maior, que favorece o adoecimento mental. “O que se vê são relações muito voláteis, famílias desorganizadas, um mundo social virtual em que o contato e as construções de relações são muito empobrecidas. Há, cada vez mais, jovens que se frustram mais precocemente, uma epidemia dos que se automutilam”, explica o psiquiatra Régis Barros.

Por isso, poder contar com uma rede de apoio e, consequentemente, com o acesso ao diálogo é fundamental para que as pessoas com a chamada “ideação suicida” conquistem o equilíbrio e a estabilidade emocional garantidos pelo tratamento de psicoterapia e de medicamentos. Os remédios prescritos por um psiquiatra são essenciais para que o paciente recobre a ordem neuroquímica, e a terapia, por sua vez, auxilia o paciente a saber trabalhar suas emoções.