Os saques de dinheiro esquecido em instituições financeiras somam R$ 285,1 milhões em uma semana, informou o Banco Central do Brasil nesta terça-feira (14). Apesar de expressiva, a cifra representa apenas 4,8% dos R$ 6 bilhões em valores a resgatar anunciados pela instituição.
Até o momento, 4,2 milhões de pessoas físicas e empresas solicitaram a devolução de recursos por meio do Sistema de Valores a Receber (SVR), de acordo com balanço parcial do BC. Com os resgates, cerca de R$ 5,7 bilhões seguem disponíveis.
O maior valor sacado por uma pessoa física foi de quase R$ 750 mil, no dia 8 de março. Por pessoa jurídica, o resgate mais alto foi de R$ 252,3 mil, no mesmo dia.
De acordo com o BC, o SVR permanecerá aberto para todos, sem interrupções programadas, para o resgate de valores no sistema financeiro. “Independente do montante, o recurso pertence ao cidadão e deve a ele ser devolvido”, afirmou, em nota.
Ao todo, 38 milhões de pessoas físicas e 2 milhões de empresas têm cerca de R$ 6 bilhões a resgatar. A página para consulta inicial de dinheiro esquecido está ativa desde o dia 28 de fevereiro. Já o sistema para saque está no ar desde a última terça-feira (7). Veja abaixo os destaques da primeira semana.
Fila para resgates
A fila virtual para saques do dinheiro esquecido chegou a 300 mil pessoas na primeira manhã, logo após a liberação do sistema.
A estimativa de espera para acesso ao SVR, do Banco Central do Brasil, chegou a duas horas, e os usuários enfrentaram instabilidades para requisitar os valores. Em alguns momentos, o site orientou o usuário a voltar mais tarde. O congestionamento do sistema foi bem menor nos dias seguintes.
Memes nas redes sociais
As grandes filas geraram piadas na internet. “Entrei na fila desse negócio de valores a receber do banco central e tem mais de 200 mil pessoas na minha frente, repare só quando chegar minha vez e dizer la que eu vou receber 5 reais”, escreveu um dos usuários.
Situação semelhante à da diarista Erica Santos Ferreira, de 37 anos. Ansiosa para descobrir a quantia e fazer a transferência, ela relatou ao g1 a frustração ao se deparar com apenas R$ 0,01 para resgatar.
“Fiquei uma hora na fila e, para a minha surpresa, eu tinha apenas um centavo. Eu imaginei que o valor não fosse tão grande, mas um centavo é meio que sacanagem”, conta Erica.
Os ‘sortudos’
O empresário Samuel Mendes, de 39 anos, encontrou o maior valor entre os personagens localizados pelo g1: R$ 4.267,45. Mais curioso: ele revelou que na primeira edição do SVR, no ano passado, encontrou a soma de R$ 1,91. Ele voltou ao SVR depois de ser alertado por amigos que uma nova consulta seria liberada.
“Eu havia me esquecido de um consórcio que tinha comprado e desistido, há mais de cinco anos. O valor pago seria restituído somente no fim do grupo. E agora, estou feliz com essa novidade. Vou investir no meu escritório que estou renovando após a pandemia”, conta Samuel.
O carioca Pedro Delforge, de 26 anos, é outro “sortudo”. Ele contou ao g1 que foi pego de surpresa com quase R$ 3 mil a resgatar. Delforge foi o primeiro a ser localizado pela reportagem dentro das 643.105 pessoas que têm mais de R$ 1 mil a receber — o que representa 1,37% do total mapeado pelo Banco Central.
“Entrei no sistema por desencargo de consciência. Achei que tivesse uns 10 centavos, mas tinha R$ 3 mil”, afirmou.
Maior valor solicitado
Uma única pessoa física sacou quase R$ 750 mil em 8 de março, segundo dia após a liberação do sistema do Banco Central. O valor superou a maior cifra solicitada até então, de R$ 328 mil, na terça (7).
Nos três primeiros dias de resgates, os três maiores saques por pessoas físicas somaram quase R$ 1,4 milhão, informou o BC.
Ainda não resgatou seu dinheiro? Confira o passo a passo
Se você já confirmou que possui recursos a receber (veja como fazer), atente-se à próxima etapa, que é o pedido de transferência do dinheiro.
Antes do passo a passo, é importante ressaltar que, via sistema do Banco Central, os valores só serão liberados para aqueles que fornecerem uma chave PIX para a devolução.
Caso não tenha uma chave cadastrada, você precisará entrar em contato com a instituição para combinar a forma de recebimento. Outra opção é criar uma chave e retornar ao sistema para fazer a solicitação.
1 – Não custa reforçar: a primeira etapa é saber se você tem valores a receber.
- Isso é feito pela página www.valoresareceber.bcb.gov.br. O BC ressalta que este é o único site disponibilizado para consulta.
2 – Após clicar no botão da imagem acima, você será encaminhado para consulta pública.
- Nessa etapa, é preciso preencher os campos com CPF e data de nascimento.
- No caso de empresas, a busca é feita pelo CNPJ e data de abertura do negócio.
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- Caso tenha valores a receber, a tela irá indicar o terceiro passo.
- Em caso contrário, o sistema irá sugerir uma nova consulta em outro momento, após possíveis atualizações de dados encaminhados por instituições ao BC.
3 – Confirmado que há dinheiro a resgatar, você será encaminhado para uma nova página do SVR.
- De acordo com o BC, esse sistema é semelhante à compra de ingressos.
- Ou seja, se houver acessos simultâneos acima da capacidade, você ficará em uma sala de espera virtual aguardando sua vez.
4 – Na sequência, é preciso fazer login com a conta gov.br. Não tem? Saiba criar uma.