Clientes da empresa Daysla Turismo procuraram o plantão policial de Macaé nesta quinta-feira (24) para denunciar o golpe da agência de viagens da cidade. Eles pagaram por uma excursão para o parque Beto Carrero, em Santa Catarina, e para o Parque da Mônica, em São Paulo, mas os passeios foram cancelados porque os donos da empresa teriam usado o dinheiro e desaparecido. Ao todo, cerca de 250 pessoas foram prejudicadas. Cinco ônibus que sairiam da rodoviária de Macaé na noite desta quarta-feira (23), simplesmente não apareceram. O cenário era lamentável. Crianças dormindo nos bancos do local ou chorando por terem o sonho destruído.
Pela manhã, aproximadamente 30 vítimas procuraram a polícia. Cecília está desempregada e investiu todas as suas economias para viajar com a filha e o sobrinho. “Não sei nem o que falar. Eu ia viajar com minha filha de 14 anos, e com meu afilhado de 13. Minha ficha ainda não caiu. Pelo o que estou vendo, não tenho esperanças de recuperar o que perdi. Espero a misericórdia de Deus, porque essa sim, nunca falha. Perdi tudo que tinha na minha poupança. R$550,00. Sou faxineira, estou desempregada. Tirei minha economia, para levar minha filha”, disse.
A agência que fechou as viagens era conhecida de muitos passageiros, que já haviam utilizado seus serviços. Há dois anos situada à Rua Júlio Olivier, no Centro de Macaé, a Daysla vendia pacotes de viagens por preços abaixo da média. Várias excursões chegaram a ser feitas, algumas com problemas durante o percurso. “Já havia ido a Campos do Jordão e São Paulo com ela, mas sempre havia problemas, cancelavam, remarcavam, a acomodação era diferente do que havia sido combinado. O pior é que a Daniela, dona da agência, era arrogante e dizia que a gente queria pagar barato e ainda ter conforto”, disse uma dona de casa que não quis se identificar.
Nossa equipe de reportagem esteve na agência, na tarde desta quinta-feira, e encontrou o local fechado. Em pouco mais de 10 minutos no local, vimos dezenas de clientes lesados procurando a empresa para serem ressarcidos. Funcionários de estabelecimentos próximos à agência, afirmaram que já desconfiavam que os donos agiam de má fé. “O local não parece uma agência, os pacotes são baratos demais e as pessoas que trabalhavam lá eram estranhas e desconfiadas. Além disso, diariamente víamos clientes vindo reclamar por má prestação de serviço ou não cumprimento de contratos. Há 3 dias eles não abrem as portas”, disse o funcionário de uma lanchonete.
Os clientes lesados que viajariam para o Beto Carrero e para o Parque da Mônica nesta quarta, não foram os primeiros a buscar ajuda na polícia. Semanas antes, um grupo já havia procurado ajuda na delegacia. Os prejuízos foram os mais variados. Idosos que compraram pacotes para toda a família para Foz do Iguaçu e Argentina pagaram a vista e não têm mais esperança de rever o dinheiro.
“[O prejuízo foi de] quase R$ 8 mil porque nós pagamos R$ 700 por pessoa. A minha tia faz 10 dias que ela foi lá e deu à vista R$ 2 mil”, disse uma aposentada.
Revoltados, alguns clientes descobriram o endereço e foram até a casa de Daniela de Souza Barbosa, uma das donas da agência, em um condomínio de luxo no Alto da Glória, em Macaé. Eles conseguiram entrar e fotografar o local, que estava revirado, dando indícios de que ela e o marido pegaram o que puderam e fugiram, para não darem explicações.
As vítimas registraram boletins de ocorrência de preservação de direitos para poderem recorrer à Justiça e buscar o ressarcimento. Também apresentaram documentos e recibos que, podem ser usados como provas contra a empresa. A Polícia Civil afirmou que não irá se pronunciar até a conclusão do inquérito. A estimativa é de que a Daysla Turismo tenha dado um calote de cerca de R$ 300 mil aos seus clientes.