O corpo de Raymundo Batista de Oliveira, que havia sumido do pronto-socorro de Rio das Ostras nesta quarta-feira (20), foi encontrado pela Polícia Civil numa ação de exumação no cemitério da cidade. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Raymundo foi enterrado no lugar do corpo de Lúcia, mulher que estava no necrotério no momento em que a família foi reconhecer o corpo do idoso.
“Concluímos que, o corpo sepultado como se fosse o da senhora Lúcia era na realidade do senhor Raymundo. No saco plástico que encobria o cadáver estava a identificação do senhor Raymundo e após aberto, com toda a segurança possível, a família pode identificá-lo”, contou o delegado plantonista da 128ª DP, Jorge Maranhão.
De acordo com Jorge Maranhão, o caso continuará sendo investigado para que os responsáveis sejam identificados.
“A investigação irá continuar para apurar a responsabilidade de todas as pessoas envolvidas nesse fato, assim como apurar a subtração dos bens do falecido”.
Os objetos pessoais de Raymundo, como documentos e celular, também sumiram.
“Acredito que temos que seguir todas as orientações do Ministério da Saúde e tomarmos os cuidados necessários, essa doença é perigosa, mas aconselho que antes de qualquer procedimento de sepultamento devemos tomar os cuidados com a identificação do falecido. Estamos apurando, a princípio, a negligência do hospital e da funerária, mas os familiares também devem tomar esses cuidados”, afirmou Jorge Maranhão.
“Se a família do Sr. Raymundo não percebesse a troca, teriam ocorrido os sepultamentos e nunca iríamos saber desse erro”, ressaltou o delegado.
Em nota na quarta, a Prefeitura de Rio das Ostras chegou a afirmar que a funerária contratada pela família errou o corpo e que a própria empresa já havia assumido o erro.
As duas funerárias envolvidas no caso, tanto a contratada para o transporte do corpo de Raymundo, quanto a contratada para o transporte do corpo de Lúcia, negam que tenham cometido erro.
A Funerária Lagos, responsável pelo enterro de Lúcia, afirmou, inclusive, que o caixão onde estaria o corpo de Lúcia já estava lacrado no momento da retirada e que a identificação colocada no caixão tinha o nome dela.
“A afirmação do Município que a funerária trocou os corpos é falsa, pois o agente funerário não escolhe o corpo que retira, na verdade, eles são entregues ao agente funerário já acondicionados em sacos pretos lacrados pelo pronto-socorro”, afirmou a empresa através de nota.
O procedimento de acondicionar corpos em sacos lacrados é realizado em casos suspeitos de Covid-19, por medidas de segurança.
Na noite de quarta, em publicação no Facebook, a Prefeitura de Rio das Ostras chegou a falar em troca de corpos. O governo municipal também anunciou o afastamento da direção e a coordenação do Pronto-Socorro e a abertura de um inquérito administrativo para apurar os fatos.
Entenda o caso
O corpo de Raymundo Batista de Oliveira, de 85 anos, desapareceu do pronto-socorro municipal de Rio das Ostras, na última quarta-feira (20). A denúncia do desaparecimento foi feita pela família de Raymundo, através de um vídeo divulgado no Facebook ainda na quarta.
O idoso, que apresentava sintomas da Covid-19, estava internado há uma semana na unidade e morreu na terça-feira (19). Segundo a família, Raymundo seria enterrado na quarta, em um cemitério de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e a constatação de que ele havia sumido veio no momento do reconhecimento do corpo.
Em depoimento à polícia, Denise Machado de Oliveira, nora da vítima, contou que ao chegar no necrotério havia um corpo de uma mulher, identificada como Lúcia, e não o corpo de Raymundo. Denise afirmou ainda que, ao questionar os funcionários da unidade, uma funcionária do pronto-socorro chegou a dizer que o corpo de Raymundo poderia ter sido levado por engano, por outra funerária.
Raimundo era torneiro mecânico aposentado e deixou três filhos e dois netos.